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A Odontologia no Contexto do Projeto UNI-Brasília: Uma Experiência em Construção

Ana Cristina Barreto Bezerra, Coordenadora do Componente Odontológico do Programa UNI-Brasília
Jorge Alberto Cordón Portillo, Coordenador do Curso de Odontologia na Universidade de Brasília
Dentro do Programa Saúde Brasília: União com a Comunidade, e inserido na UNIA: SAÚDE DA CRIANÇA, o Curso de Odontologia integrado às áreas de Odontologia Pediátrica, Fundamentos de Odontologia Preventiva e Odontologia Social, criou um trabalho interdisciplinar unindo também a docência, pesquisa e extensão, construindo o que agora chama-se Odontologia Infantil Coletiva.

Sabe-se que no Brasil a população menor de quinze anos de idade perfaz a maioria (aproximadamente 45 a 55%). As crianças mais novas tendem a representar o percentual mais elevado nas diversas regiões brasileiras.

Segundo dados da estimativa populacional fornecidos pelo DPS/SES-FHDF, em 1991, a população infantil de 0 a 4 anos de idade era de 233.112 no Distrito Federal, da qual 39.969 crianças são menores de 12 meses, o que representa, aproximadamente, 17,15% dessa população. Na Regional Norte de Saúde do DF em Brasília concentra-se 10% desse total.

Associado ao exposto, existe uma lacuna na literatura internacional e também brasileira, no que concerne ao crescimento e desenvolvimento da criança nos seus primeiros anos de vida, onde confluem problemas de ordem genética, ambientais e sócio-culturais. Portanto, compete aos profissionais de saúde superar essas deficiências e poder participar de grupos interdisciplinares e multiprofissionais dentro da realidade sócio-cultural vigente, para procurar e realizar modelos de saúde bucal que possam ser discutidos e propostos às autoridades competentes.

Com o objetivo de mudar o quadro e as perspectivas de saúde bucal da criança, e dentro da filosofia do Programa UNI-Brasília, UNIA: Saúde da Criança, resolveu-se iniciar a formulação de um MODELO OPERACIONAL de acompanhamento multidisciplinar, onde pretende-se seguir uma "coorte" de criança, desde seu nascimento até cincoseis anos de idade, aplicando conhecimentos científicos e tecnológicos: biológicos (estomatológicos) psico-sociais e físicos, com o aporte objetivo da Comunidade.

Busca-se assim, formular uma proposta de política de saúde para os serviços. Desta forma, o modelo necessita de pesquisa de campo, acompanhamento, aplicação de ações promocionais de saúde e técnicas preventivas, além de um sistema de referência e contra-referência entre os níveis primários, secundários e terciários.

O programa está se desenvolvento com uma equipe multidisciplinar envolvendo inicialmente duas áreas da Odontologia (Odontologia Social e Pediátrica) e multi-profissional, agregando Pediatria e Nutrição, neste primeiro estágio.

O ponto de partida constitui a orientação em saúde para o grupo de gestantes, pré-escolares e escolares. No momento, está a cargo de estudantes do 9º semestre do Curso de Odontologia, como um trabalho com a comunidade através dos Centros de Saúde, aplicando ações de atenção primária à saúde bucal, especialmente, educação para a saúde. Os estudantes de Odontologia unem-se aos de Medicina, Enfermagem e Nutrição nas UNIAS envolvidas.

Como apoio ao estudo da criança recém-nascida, realizaram-se estudos antropométricos gerais e bucais, bem como, uma análise semiológica do momento. Esta informação é compartilhada com os pais, estabelecendo-se um vínculo de continuidade através de um acompanhamento clínico-pediátrico nos Centros de Saúde e Hospitais de referência.

Um acompanhamento sócio-econômico faz parte dos programas, quando as famílias são visitadas e um questionário é aplicado. São observadas as condições ambientais de vida, hábitos, valores e atitudes que podem ser favoráveis ou não à saúde da criança, oferecendo-se, quando conveniente, sugestões e orientações gerais para as famílias.

Conforme o modelo está sendo aplicado e cumprindo sua finalidade, há possibildade de aplicação imediata aos Serviços Públicos da rede do Distrito Federal.

Pode-se inferir que, em sua base, ao mesmo tempo em que se leva à Comunidade promoção da saúde, através do trabalho integrado Universidade/Serviço, formam-se recursos humanos com uma atitude e capacidade científica e tecnológica voltadas para a coletividade, conscientes da dinâmica da realidade sócio-econômica brasileira e sensibilizados da importância da participação comunitária.


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